​A Harmonização entre Fé e Cidadania: Parnamirim Celebra a Cultura Evangélica como Patrimônio Social


A noite de quinta-feira em Parnamirim não foi apenas o registro de um evento religioso, mas o reflexo de um novo desenho social que o Brasil vem consolidando nas últimas décadas. A V Semana da Arte Evangélica, instituída por lei de autoria do vereador Gabriel César, encontrou na música e na expressão artística o canal ideal para dialogar com uma parcela cada vez mais significativa da população. Ao destinar emendas impositivas para a viabilização deste encontro, o poder público local não apenas cumpre uma agenda orçamentária, mas reconhece a existência de uma demanda cultural pulsante que, segundo o Censo 2022 do IBGE, já abrange 28,81% dos brasileiros.

Essa movimentação legislativa e cultural traz consigo uma oportunidade didática para compreender como o Estado se relaciona com a pluralidade de seu povo.
Existe uma distinção sutil, porém fundamental, na forma como democracias modernas lidam com a religiosidade. O Estado laico, princípio que rege o Brasil, não pressupõe a ausência da fé nos espaços públicos, mas sim a garantia de que o governo seja um facilitador para que todas as manifestações culturais — inclusive as de matriz religiosa — floresçam. Diferente de uma visão restritiva que busca isolar a crença da vida civil, a laicidade brasileira é colaborativa. Ela entende que a arte evangélica, com seu vocabulário, ritmos e tradições próprias, é uma vertente da cultura nacional tanto quanto o folclore ou as artes clássicas. Investir nessa produção é, portanto, uma forma de garantir que o orçamento público reflita a identidade real dos cidadãos que o sustentam.

O Concerto de Natal deste ano foi a prova técnica dessa premissa.

Sob a regência do Maestro Paulo Ritzel e a performance do Canto Paramirins, o evento demonstrou que a arte produzida dentro das comunidades evangélicas possui um rigor estético que merece o palco e o fomento oficial. Ao integrar bandas locais e promover mensagens de esperança e união, a iniciativa de Gabriel César cumpre o papel de aproximar a política das pessoas, tratando a cultura gospel como um ativo da cidade. O que se viu no palco foi o encontro da técnica musical com a devoção, transformando um direito garantido em lei em uma experiência compartilhada por toda a comunidade.

Parnamirim, ao consolidar este evento, envia uma mensagem clara sobre o que significa governar para a totalidade social.

O reconhecimento da cultura evangélica como uma força motriz de arte e linguagem é um passo em direção a uma sociedade mais integrada, onde a neutralidade do Estado serve como o alicerce para que cada grupo possa expressar sua beleza de forma plena. A celebração encerra-se não apenas como um sucesso de público, mas como um marco de como a sensibilidade legislativa pode transformar dados demográficos em cidadania viva.

Postar um comentário

0 Comentários